A 13ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo e o portal Vitruvius lançam Preâmbulo, chamada aberta para artigos, textos ensaísticos, desenhos e projetos que reflitam sobre a provocação central da 13ª Bienal – a Reconstrução – e seus cinco eixos temáticos: democracia, corpos, memória, informação e ecologia. As submissões podem ser feitas até o dia 30 de junho.
Concebida pelo IABsp, a 13ª edição da Bienal, prevista para 2022, parte da ideia de Reconstrução para levantar debates que reajam aos desafios decorrentes da crise gerada pela pandemia de Covid-19, considerando reflexões e propostas que apontem para práticas sociais e arranjos urbanos-arquitetônicos inovadores, e as possibilidades que se apresentam neste novo cenário.
O objetivo do projeto Preâmbulo é alavancar análises, críticas e registros dos espaços urbanos e arquitetônicos a partir das provocações da 13ª Bienal, bem como fortalecer seu eixo educativo e a aproximação com as universidades. Na parceria com o IABsp, o portal Vitruvius – respeitado espaço de discussão, há 20 anos desenvolvendo um meticuloso e longevo trabalho com arquitetos, urbanistas e profissionais diversos – publicará as colaborações aprovadas nas revistas Arquitextos, Entrevista, Minha Cidade, Arquiteturismo, Resenhas Online e na seção Rabiscos.
Segundo a Diretora de Ensino do IABsp, Mariana Wilderom, “Preâmbulo é uma aproximação inicial, uma espécie de registro de pensamentos que perambulam em busca de horizontes, um movimento que precede a Bienal e que poderá contribuir na constituição e sedimentação do seu corpus. O desejo que o anima é fomentar uma discussão da cultura urbana e arquitetônica não restrita ao evento, mas que seja ampliada no tempo, no território e nos processos colaborativos.”
A chamada aberta convida arquitetas, arquitetos, urbanistas e todos aqueles que, de forma direta ou indireta, desenvolvam trabalhos e pesquisas em áreas contíguas. As colaborações recebidas serão encaminhadas para uma Comissão Científica de pareceristas de todo o país.
Preâmbulo reconhece a condição de interregno que enfrentamos, onde conclusões, ainda que bem fundamentadas, são inescapavelmente provisórias. Mas, aposta também na construção de conhecimento que resulte da interlocução entre experiências que atravessam ou tangenciam a disciplina da arquitetura e urbanismo. Enfim, Preâmbulo encoraja a ousadia nas palavras e nos traços, para que se iluminem caminhos ainda não trilhados.
Como participar
- Os textos e os rabiscos devem seguir as normas específicas de cada revista ou seção, conforme as informações do portal Vitruvius: vitruvius.com.br/revistas/norms
- As submissões podem ser realizadas de 30/03/21 até 30/06/2021 às 23h59 (horário de São Paulo) exclusivamente pelo e-mail preambulo@bienaldearquitetura.org.br
- Mais informações: vitruvius.com.br/jornal/events/read/2149
Sobre os eixos
Em um país que enfrenta ameaças de recessão democrática, o eixo Democracia sugere pensar em cidades mais acessíveis, seguras, acolhedoras, convidativas, mas também um lugar onde contrastes e conflitos latentes não inviabilizam a discussão provocada pela presença diversificada de classes sociais, raças e gêneros. Também se propõe que sejam levantadas soluções inovadoras em relação ao planejamento e gestão democrática, a partir de experiências vinculadas ao território.
Já Corpos lança a discussão para a relação entre espaço e temas como interseccionalidade, vulnerabilidades e políticas sociais. Sugere uma reflexão sobre como garantir práticas coletivas tendo em vista questões de saúde pública, discriminação, violência e violações de direitos, de maneira a repensar como garantir acesso, convivência e circulação de pessoas nas cidades. Além disso, anuncia a urgência de garantir programas específicos para grupos específicos, como crianças, jovens, idosos, portadores de necessidades especiais, especialmente nos territórios vulneráveis em meio à crise imposta, ampliando o debate sobre as vulnerabilidades dos corpos nos fluxos pela cidade. Em relação aos espaços arquitetônicos, propõe ainda uma reflexão sobre a flexibilidade dos espaços domésticos, profissionais e institucionais frente ao desafio de garantir usos diversos e saúde coletiva no contexto de isolamento e de retomada das atividades.
Memória entende-se como o agente coletivo que nos confronta diante do estranhamento de um novo mundo e nos conforta em relação às suas permanências. Ao processo de reelaboração permanente deste passado no presente, que possui a propriedade de conservar ou de apagar certas informações, lançamos o desafio de utilizar a preexistência para a reinvenção do cotidiano nas cidades. Este eixo também visa refletir como a arquitetura e a infraestrutura urbana podem colaborar para a construção de uma memória coletiva que torne mais acolhedor o processo de (re)ocupação, (re) construção e (re) significação das cidades.
Por sua vez, Informação abre horizontes para o debate de políticas urbanas e sociais a partir de uma temática que toca todos os aspectos da vida contemporânea, mas que se encontra ainda restrita a especialistas. De uma perspectiva de governança das cidades, incentiva-se lançar luz sobre as questões de privacidade e proteção de dados, experimentar modelos de gestão de dados públicos e privados voltados para as práticas cotidianas, estimular o debate sobre cartografias colaborativas, reconhecimento facial, discriminação algorítmica, internet das coisas e ciência de dados urbanos.
O último eixo, Ecologia, tema fundamental para o equilíbrio entre áreas urbanas e naturais, propõe a reflexão sobre o planejamento de cidades com especial atenção ao equilíbrio ambiental e ao desenvolvimento de atividades produtivas, voltados para a qualidade de vida de sua população a partir de temas como mudanças climáticas, cidades de baixo carbono, agricultura urbana e segurança alimentar.